Proteção dos Recursos Hídricos (Blog N. 469 do Painel do Coronel Paim) - Jornal O Porta-Voz
segunda-feira, 23 de março de 2015
Após o forte temporal dos
últimos dias, os reservatórios da Grande SP voltaram a apresentar alta
nesta segunda-feira (23). Com o acumulado de chuva dos últimos dias, o
reservatório do Alto Tietê bateu a média histórica para o mês de março.
Até agora, choveu 178,8 mm nas represas
do sistema, quando a média histórica para o mês é de 172,4 mm. O
reservatório opera com 22,9% de sua capacidade, após subir 0,2 ponto
percentual em relação a domingo (22).
O sistema abastece 4,5 milhões de
pessoas na região leste da capital paulista e Grande São Paulo. No dia
14 de dezembro, o Alto Tietê passou a contar com a adição do volume
morto, que gerou um volume adicional de 39,5 milhões de metros cúbicos
de água da represa Ponte Nova, em Salesópolis (a 97 km de São Paulo).
Assim como o Alto Tietê, o Guarapiranga,
o Cantareira e o reservatório Rio Grande tiveram mais chuva acima da
média para o mês o que fez melhorar o nível dos reservatórios.
Apesar de o Estado passar pela maior
crise hídrica de sua história, o secretário estadual de Recursos
Hídricos, Benedito Braga, afirmou neste domingo que o risco de rodízio
de água na região metropolitana de São Paulo "está cada vez menor".
O Cantareira, por exemplo, opera com 13,3% de sua capacidade após subir 0,4 ponto percentual.
O percentual usado agora tem como base a
quantidade de água naquele dia e a capacidade total do reservatório, de
1,3 trilhão de litros e que inclui o volume útil (acima dos níveis de
captação) e as duas cotas do volume morto (reserva do fundo das
represas, captadas com o auxílio de bombas).
Até então, o índice considerava o volume
morto apenas na quantidade disponível, e não na capacidade total - sem
ele, o sistema tem capacidade de 1 trilhão de litros de água. Se fosse
considerado o valor divulgado anteriormente, o Cantareira estaria com
17,1% nesta segunda-feira.
Desde a semana passada, a Sabesp passou a
divulgar os dois dados, após pressão do Ministério Público Estadual,
que cobra mais transparência na veiculação de informações sobre a crise
da água em São Paulo.
O Cantareira abastece 5,6 milhões de
pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da
capital paulista - eram cerca de 9 milhões antes da crise. Essa
diferença passou a ser atendida por outros sistemas.
O Guarapiranga, que fornece água para
5,2 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste da capital paulista,
chegou a 83,8 % de sua capacidade após subir 0,8 ponto percentual em
relação ao dia anterior.
O reservatório Rio Grande, que abastece
1,5 milhão de pessoas na região do ABC, é o que tem a melhor situação
entre os reservatórios, operando com 98,3% de sua capacidade. No
domingo, o índice era de 98,1%.
OUTROS RESERVATÓRIOS
Já o reservatório Rio Claro, que também atende 1,5 milhão de pessoas, subiu para 42,9%. No domingo, o índice era de 41,3%.
O sistema Alto Cotia subiu 0,7 ponto percentual e tem agora 62,9%. O reservatório fornece água para 400 mil pessoas.
A medição da Sabesp é feita diariamente e compreende um período de 24 horas: das 7h às 7h.
domingo, 22 de março de 2015
sexta-feira, 20 de março de 2015
Haverá déficit de 40% de água em 2030 se consumo não mudar
Da EFE
Paris - O planeta terá um déficit de água de 40% em 2030 se a forma atual de consumo não mudar, alertou um relatório publicado nesta sexta-feira pela Unesco, que pede que a melhor gestão deste recurso faça parte dos objetivos do planeta da ONU.
O estudo, elaborado por 31 órgãos da ONU sob o guarda-chuva da Unesco, estabeleceu que nos últimos anos houve avanços no acesso à água e ao saneamento no mundo, mas a tensão persiste e será mais evidente por causa do crescimento demográfico.
Por isso, considerou que os objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2016-2030, que devem substituir os Objetivos do Milênio (2001-2015) precisam ser mais ambiciosos na proteção dos recursos hídricos.
Atualmente o plano da ONU só destaca o acesso à água e ao saneamento.
O relatório da Agência da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) pediu que sejam incluídos também a administração dos recursos hídricos, a qualidade de água, a gestão das águas residuais e a prevenção de catástrofes naturais causadas pela água.
A água é fonte de desenvolvimento econômico, que frequentemente precisa de grandes volumes, assim como a agricultura e a produção energética, e precisam de "equilíbrio", explicou o principal autor do relatório, Richard Connor.
Ainda existem no mundo 748 milhões de pessoas que não têm acesso a água livre de contaminação e as primeiras vítimas são os pobres, os marginalizados e as mulheres, segundo o estudo.
Os autores assinalaram que o setor agrícola, que consome mais quantidade, terá que aumentar sua produção em 60% até 2050, o que provocará mais tensão no acesso à água.
A demanda de produtos manufaturados também crescerá e o relatório assinalou que suas necessidades de água aumentarão 400% nesse período.
A esse aumento da demanda se soma uma gestão defeituosa, que faz com que persista a irrigação intensiva e que muitas águas fiquem contaminadas por causa de pesticidas e produtos químicos perto de leitos fluviais.
Segundo o relatório, 20% das águas subterrâneas do planeta estão sendo exploradas de forma abusiva.
O elemento também sofre com o aquecimento climático, na forma de maior evaporação causada pelo aumento da temperatura, e pela alta do nível do mar que pode afetar reservatórios aqüíferos de água doce.
Todas estas pressões "podem desembocar em uma competição pela água entre diferentes setores econômicos, regiões ou países".
O relatório também apontou uma "gestão deficiente que, com frequência, cobra um preço inferior ao seu valor real e que não é levada em conta na hora de adotar decisões no setor energético ou industrial".
"Os esforços realizados por alguns países indicam que é possível conseguir uma melhor gestão e uma utilização mais escrupulosa dos recursos hídricos, inclusive nos países em vias de desenvolvimento", assinalou o relatório.
Um dos fatores de economia de água preconizados no estudo é o fomento das energias renováveis em vez das centrais térmicas, grandes consumidoras de água e que produzem atualmente 80% da eletricidade do mundo.
Para tomar este tipo de decisão, assinalaram os autores, é preciso que "os poderes públicos possam influenciar nas decisões estratégicas que têm repercussões determinantes na perdurabilidade dos recursos hídricos".
Outro dos métodos de economia pode ser o subsídio para que a agricultura invista em sistemas de irrigação eficientes, o que atacaria outra das principais fontes de desperdício de água.